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Este blog foi criado para melhor interação com meus alunos do Ensino Médio, facilitando a comunicação, troca de infromações e conteúdos. Espero que seja útil a todos que se interessam pelos temas abordados.

segunda-feira, 18 de março de 2013

Mídia, cultura e política no Brasil

Ao se abordar a temática da indústria cultural no Brasil, obrigatoriamente tem-se de retratar o papel da televisão brasileira. Torna-se, então, pertinente acompanharmos o trecho do texto de Marco Antonio Bettine de Almeida, “Aspectos teóricos da indústria cultural e a televisão no Brasil”.


A TELEVISÃO COMO CONSOLIDAÇÃO DA INDÚSTRIA CULTURAL NO CENÁRIO BRASILEIRO


Foi com os militares que tivemos um amplo avanço da indústria cultural no Brasil (ALMEIDA e GUTIERREZ, 2005), através da incorporação e importação de todo o aparato tecnológico ligado às artes audiovisuais, principalmente a televisão. Esta é claro, já existia há algum tempo no país, a novidade daquela época era seu poder e alcance, em grande parte determinada por sua organização verdadeiramente moderna e pelo irrestrito apoio estatal a seu crescimento que, de tão intenso, chegou a provocar profundo impacto tanto no modo de ser da experiência cultural – afetando, em alguns casos, o destino de obras de outros gêneros (teatro, artes plásticas, músicas, poesia) –, quanto na própria situação material do produtor de cultura.


No teatro, na música e na poesia a arte audiovisual se fazia presente, com textos fotográficos, dinâmicos e urbanos, com sons que descreviam histórias, fatos e acontecimentos em imagens, com peças que esboçavam o fascínio, as cores e o Brasil. A televisão influenciou todo o ramo artístico, era o novo meio de comunicação, com uma abrangência assustadora, levando à incorporação de artistas e técnicos que viam na televisão uma nova estética, um novo meio de fazer arte. Um novo meio de reprodutibilidade técnica, já que não necessitava mais do palco para fazer teatro, existia agora a reprodução das imagens em forma de tela.



A indústria cultural através da televisão incorporou a arte nacional-popular. O mercado introduziu na sua programação as expressões nacionais-populares – poesia marginal, cinema novo, teatro do oprimido, Centro Popular de Cultura, UNE-volante, tropicália – e transformou-as, através do processo de colonização – num mercado de consumo ligado ao nacionalismo e desenvolvimentismo com propagandas governamentais. O exemplo clássico deste nacionalismo sem engajamento, juntamente com o afastamento da estética e a desistência de algo inovador foram as novelas.






"Neste processo de industrialização todos os mecanismos são transformados em mercadorias, a emancipação feminina, a liberdade sexual, todos estes discursos nascidos dos artistas de esquerda perderam o seu caráter subversivo na era da indústria cultural. Esse aproveitamento conservador do sexo pelo mercado coexiste com o velho conservadorismo a glorificar a tradição, família e propriedade. Vivendo as tradições do passado e a apologia da liberação sexual nas telenovelas" (RIDENTI, 1999, p.238).



Estes são motivos suficientes para demonstrar a força e a importância da televisão no Brasil. As novelas foram a grande invenção nacional. Capazes de prender mais de 70% dos telespectadores, com seu linguajar cotidiano, temas da vida privada e unicidade cultural. As novelas propiciaram tal conjunção com o público que as mulheres aprenderam a se vestir como os personagens e as adolescentes aprenderam a querer seus sonhos modernos. Segundo Kornis (2001, p.11) em 1964, quando a história da televisão brasileira começaria, o Brasil tinha 34 estações de TV e 1,8 milhão de aparelhos receptores. Em 1978, já eram 15 milhões de receptores. Em 1987, 31 milhões de televisores se espalhavam pelo País, dos quais 12,5 milhões em cores. Hoje, trata-se do sexto maior parque de receptores instalados no mundo.



Depois de 1980, quando se inicia o processo de redemocratização, segundo Ridenti (1999), há uma ampliação dos bens culturais industrializados, pois se há o fortalecimento da indústria cultural com os militares é no período de abertura política que ela chega ao seu apogeu. Sem a censura os filmes, livros e programas nacionais e internacionais tiveram a possibilidade de serem divulgados amplamente. Com a abertura política ficou mais fácil a penetração dos bens culturais de massa a serem lançados e consumidos pela população.



A abertura política, no começo da década de 1980, propiciou um desenvolvimento vertiginoso da indústria cultural, em função principalmente dos investimentos que já tinham sido realizados durante o regime militar na área das comunicações, sempre sob controle dos órgãos de censura. Porém, é preciso ter presente que enquanto a expressão típica da industria cultural no regime militar caracterizou-se pelo nacional-desenvolvimentismo, a industria cultural na redemocratização e nos períodos subseqüentes foi marcada pela globalização e pelo fim da censura. Estes dois acontecimentos mostraram ser o casamento perfeito para o desenvolvimento da Industria Cultural brasileira, tendo como carro chefe a televisão.






Conclusão



A indústria cultural reflete uma necessidade do capitalismo de coisificar o mundo ao seu redor. Coisifica o homem transformando-o em mercadoria, e ao coisificar o homem transforma todo o produto do trabalho humano em algo a ser comprado. Com a cultura não aconteceu diferente, ela foi transformada em algo a ser vendida. A televisão como projeto tecnológico do capitalismo promoveu a reprodutibilidade técnica da arte e ao mesmo tempo trouxe para si a função de sedimentar a ideologia e o fetichismo da mercadoria. A televisão, em última análise, representa o projeto perfeito da reprodução do sistema capitalista de produção, e, no Brasil, podemos dizer que através da ligação com os militares e sua necessidade de conter os avanços da arte questionadora que sedimentou a arte vendável e a produção comercial em detrimento da arte de contestação e transformação.



REVISTA DIGITAL - Buenos Aires - Año 13 - Nº 121 - Junio de 2008 - http://www.efdeportes.com/efd121/aspectos-teoricos-da-industria-cultural-e-a-televisao-no-brasil.htm acesso em 23/04/2011, 19:10 h (fragmento)



15. A partir do texto apresentado e das reflexões sobre a indústria cultural, pode-se afirmar que a televisão é benéfica ou maléfica para a sociedade brasileira? Discuta com seus colegas e registre suas conclusões.





A Ideologia segundo Marx










Cinema para Todos - CE Matias Neto - 28/02/13

Aula de campo - C.E. Matias Neto
Filme: Uma História de Amor e Fúria
 
 
Sinopse e detalhes
 
Um homem (Selton Mello) com quase 600 anos de idade acompanha a história do Brasil, enquanto procura a ressurreição de sua amada Janaína (Camila Pitanga). Ele enfrenta as batalhas entre tupinambás e tupiniquins, antes dos portugueses chegarem ao país, e passa pela Balaiada e o movimento de resistência contra a ditadura militar, antes de enfrentar a guerra pela água em 2096.
 
 
 





terça-feira, 12 de março de 2013

Ideologia, Cultura de Massa e Indústria Cultural

 
Por definição geral, Ideologia é o conjunto de idéias, pensamentos, doutrinas e visões de mundo de um indivíduo ou de um grupo, orientado para suas ações sociais e, principalmente, políticas e que conduz os homens à ação.


Ideologia é um Fenômeno complexo que privilegia a aparência das coisas. Ela encobre ou dificulta o conhecimento da realidade social, não nos deixando vê-la como é.


Segundo André Pessoa, “As ideologias não buscam a verdade, e sim o poder. Extraem da realidade somente aquilo que lhes é útil, para compor sua argumentação baseada em meias-verdades ou verdades distorcidas, com vistas a alcançar, a médio ou longo prazo, seus interesses” (http://www.portaldafamilia.or/).


Ideologia é o grande sofisma social a transformar as chagas em flores, e as justiças em rituais rotineiros (LEITE, 2007).


A ideologia emerge das instituições em geral (escola, família, Estado, religião, Empresas, Associações) que estabelecem normas para as relações sociais, por meio de agentes definidos: políticos, pastores, padres, patrões, pais etc). Mas, ao mesmo tempo que emerge dessas instituições, ela também imerge, no sentido de fazer com que elas se mantenham exatamente como estão, sem modificações profundas, o que garantirá a perpetuação dos indivíduos ou grupos que já estão n poder.


Marilena Chauí, analisando a questão da Ideologia afirma que “A função principal da ideologia é ocultar e dissimular as divisões sociais e políticas, dar-lhes a aparência de indivisão e de diferenças naturais entre os seres humanos. Indivisão: apesar da divisão social das classes, somos levados a crer que somos todos iguais porque participamos da idéia de “humanidade”, ou da idéia de “nação’ e “pátria”, ou da idéia de “raça”, etc. Diferenças naturais: somos levados a crer que as desigualdades sociais, econômicas e políticas não são produzidas pela divisão social das classes, mas por diferenças individuais dos talentos e das capacidades, da inteligência, da força de vontade maior ou menor”.


Argumenta ainda que “ A produção ideológica da ilusão social tem como finalidade fazer com que todas as classes sociais aceitem as condições em que vivem, julgando-as naturais, normais, corretas, justas, sem pretender transformá-las ou conhecê-las realmente, sem levar em conta que há uma contradição profunda entre as condições reais em que vivemos e as idéias”.


A idéia de Pátria, constantemente esconde e ao mesmo tempo demonstra a existência de ideologias. “Essa concepção é marcada por “apropriações” (alguns se acham donas da pátria); “manipulações” (as ações são conduzidas pelos interesses dominantes); por “Interpretações” (explicam-na de acordo com suas convêniências)”, conforme (CORDI, 2007).


Karl Marx, costumava dizer que a Ideologia era um “instrumento de dominação que age através do convencimento (e não da força), de forma prescritiva, alienando a consciência humana e mascarando a realidade”.


Em sua teoria, Marx “concebe a mesma como uma consciência falsa, proveniente da divisão do trabalho manual e intelectual. Nessa divisão, surgem os ideólogos ou intelectuais que passam através de idéias impostas a dominar através das relações de produção e das classes que esses criam na sociedade” (FEUERBACH, 2002).


“Os homens fazem a História, mas o fazem em condições determinadas”, isto é, que não foram escolhidas por eles. Os homens fazem a História, mas não sabem que a fazem” (Karl Marx).


Cordi, também abordando esse assunto, afirma que “Semelhantemente a uma máscara, a ideologia encobre o conhecimento, retardando-o. Não nos deixa ver a realidade como é de fato. Vivemos mergulhados em ideologia e não nos damos conta disso. A partir dela pensamos, embora nem sempre pensamos sobre ela” (CORDI, 2007).


Um exemplo de “descoberta de ideologia do Estado” que tem sido sempre citada é o caso dos “caras pintadas”, no impeachtment de Collor. Eles “denunciaram” a idéia marqueteira de pátria e patriotismo que emanava do circuito do poder.


Mas, será que de fato foi isso que ocorreu? Será que os “Caras pintadas” não estavam sendo, na verdade, manipulados, ideologicamente, por grupos poderosos - econômicos e políticos -, que tinham interesses que foram atrapalhados por Collor?


Em última análise, a Ideologia pode ser comparada à uma “Teoria da Conspiração”.


1.1 ESCOLA DE FRANKFURT


A Escola de Frankfurt é nome dado a um grupo de filósofos e cientistas sociais de tendências marxistas que se encontram no final dos anos 1920. A Escola de Frankfurt se associa diretamente à chamada Teoria Crítica da Sociedade. Deve-se à Escola de Frankfurt a criação de conceitos como "indústria cultural" e "cultura de massa".

1.1.1 CULTURA DE MASSA

Chama-se cultura de massa toda cultura produzida para as massas — a despeito de heterogeneidades sociais, étnicas, etárias, sexuais ou psicológicas — e veiculada pelos meios de comunicação de massa.



Como conseqüência das tecnologias de comunicação aparecidas no século XX, e das circunstâncias geopolíticas configuradas na mesma época, a cultura de massa desenvolveu-se a ponto de ofuscar os outros tipos de cultura anteriores e alternativos a ela.



Antes de haver a linguagem do cinema, rádio e TV, falava-se em cultura popular, em oposição à cultura erudita das classes aristocráticas; em cultura nacional, componente da identidade de um povo; em cultura clássica, conjunto historicamente definido de valores estéticos e morais; e num número tal de culturas que, juntas e interagindo, formavam identidades diferenciadas das populações.



A chegada da cultura de massa, porém, acaba submetendo as demais “culturas” a um projeto comum e homogêneo — ou pelo menos pretende essa submissão. Por ser produto de uma indústria de porte internacional (e, mais tarde, global), a cultura elaborada pelos vários veículos então surgentes esteve sempre ligada intrinsecamente ao poder econômico do capital industrial e financeiro. A massificação cultural, para melhor servir esse capital, requereu a repressão às demais formas de cultura — de forma que os valores apreciados passassem a ser apenas os compartilhados pela massa.


1.1.2 INDÚSTRIA CULTURAL



Termo cunhado pelos filósofos e sociólogos alemães Theodor Adorno (1903-1969) e Max Horkheimer (1895-1973), membros da Escola de Frankfurt. O termo aparece na obra Dialética do Esclarecimento), de 1947.



Neste capítulo os autores analisam a produção e a função da cultura no capitalismo. Os autores criaram o conceito de Indústria Cultural para definir a conversão da cultura em mercadoria. O conceito não se refere aos veículos (televisão, jornais, rádio...), mas ao uso dessas tecnologias por parte da classe dominante. A produção cultural e intelectual passa a ser guiada pela possibilidade de consumo mercadológico.

O vídeo a seguir trata da ideologia sendo repassada por meio de mensagens subliminares. As crianças são as maiores vítimas desse tipo de "imposição doutrinária". Os meios de comunicação também utilizam - explicita ou sorrateiramente - esse tipo de metodologia de "formação de identidade". Poderíamos classificar como "covardia" esse método, porque é algo que não possibilita a negação ou a rejeição; simplesmente nosso sub-consciente capta as informações, quer queiramos ou não. A Rede Globo, por exemplo, está totalmente empenhada na divulgação da "normalidade" da homoxessualidade e do espiritismo. Não se trata, neste momento, de juízo de valores (certo ou errado), mas de ser justo ou não um veículo tão poderoso empenhar-se, na maioria de seus programas e novelas, na divulgação "subliminar" desses ideais. Tudo isso explica adolescentes (homem com homem e mulher com mulher) se permitirem beijar, uns aos outros, em plena parada de ônibus repleta de pessoas. Mas, o que evidencia mais ainda essa "cultura da normalidade" é que as pessoas já não estão mais olhando com um olhar diferenciado ou até de reprovação. Tudo passa a ser ideologicamente normal.


 



video


Vídeo: Criança, a Alma do Negócio (2009)

 





(Brasil, 2009, 49 min - Direção: Estela Renner)

Comentários Instituto Alana:
Por que meu filho sempre me pede um brinquedo novo? Por que minha filha quer mais uma boneca se ela já tem uma caixa cheia de bonecas? Por que meu filho acha que precisa de mais um tênis? Por que eu comprei maquiagem para minha filha se ela só tem cinco anos? Por que meu filho sofre tanto se ele não tem o último modelo de um celular? Por que eu não consigo dizer não? Ele pede, eu compro e mesmo assim meu filho sempre quer mais. De onde vem este desejo constante de consumo?
Este documentário reflete sobre estas questões e mostra como no Brasil a criança se tornou a alma do negócio para a publicidade. A indústria descobriu que é mais fácil convencer uma criança do que um adulto, então, as crianças são bombardeadas por propagandas que estimulam o consumo e que falam diretamente com elas. O resultado disso é devastador: crianças que, aos cinco anos, já vão à escola totalmente maquiadas e deixaram de brincar de correr por causa de seus saltos altos; que sabem as marcas de todos os celulares mas não sabem o que é uma minhoca; que reconhecem as marcas de todos os salgadinhos mas não sabem os nomes de frutas e legumas. Num jogo desigual e desumano, os anunciantes ficam com o lucro enquanto as crianças arcam com o prejuízo de sua infância encurtada. Contundente, ousado e real este documentário escancara a perplexidade deste cenário, convidando você a refletir sobre seu papel dentro dele e sobre o futuro da infância.

segunda-feira, 4 de março de 2013

O processo de desnaturalização ou estranhamento da realidade

A primeira pergunta que surge na disciplina de Sociologia para o 1º ano é: O que é a Sociologia? A sociologia é a ciência que estuda a sociedade os fenômenos sociais. Para entendermos melhor o que a Sociologia vai se propor a ensinar, devemos olhar de forma mais ampla onde ela vai se enquandrar. O nome Sociologia não expressa a amplitude da disciplina no Ensino Médio, mas sim o nome Ciências Sociais, que abrange, além da Sociologia, a Antropologia e a Ciência Política.

A sociologia tem cerca de 2 séculos, idealizada por filósofos, como Augusto Comte, que queriam estruturar uma ciência que pudesse dar explicação sobre fenômenos que estes acreditavam não mais serem possíveis sere dados pela filosofia. Assim, ela vem se aperfeiçoando desde então, com nomes famosos como Émile Durkheim, Max Weber, Karl Marx, os famosos “Três Porquinhos”.

Este é um pequeno momento histórico da Sociologia no país:

  • A sociologia como disciplina surge no Brasil em 1925, introduzida na Reforma Rocha Vaz. Então, assim como disciplina do Ensino Secundário, ela também passa a ser cobrada nos vestibulares da época. Entretanto, Rui Barbosa defendia a colocação da disciplina desde 1882, quando já era muito relevante no ensino em países europeus;
  • Em 1942, Getúlio Vargas, na época ditador no país, torna a disciplina optativa. A disciplina se mantém no Curso Normal como Sociologia Geral e Sociologia da Educação;
  • No ano de 1971, na época da Ditadura, a disciplina, ainda optativa, era mal-vista por ser entendida como associada ao comunismo – a ideologia política a qual os militares afirmavam que deveriam impedir que se alastrasse no Brasil quando tomaram o poder em 1964.

Nas ultimas 3 décadas, com o enfraquecimento da ditadura, os sociológos se voltaram para a necessidade de novamente implementar este campo do conhecimento na educação dos jovens no país. Entretanto, houve um impasse de todas as maneiras. Assim, desde a implementação da lei que inseria novamente a sociologia no Ensino Médio até a sua implementação no estado de São Paulo, foram 5 anos. Assim, o ano de 2010 é o segundo ano onde a sociologia se mostra como uma nova ferramenta na formação intelectual, politica e social dos jovens paulistas.

Um aspecto interessante, e possivelmente o mais importante desta disciplina, é a ferramenta de trabalho dos cientistas sociais: o olhar desnaturalizado em detrimento do senso comum. Muitas das idéias que se difundem do nosso dia-a-dia são condicionadas com idéias absurdas que não ajudam a entender fenômenos e nem problemas sociais/políticos/culturais. Assim, quando olhamos para uma determinada situação sob uma ótica crítica, possibilitamos entender suas nuances e mudarmos caso esta se mostre perniciosa.



Imediatismo do olhar

Para todas as coisas que temos contato, desde as mais comuns quanto as mais imprevisíveis, tentamos encontrar uma explicação. Assim, baseados no cabedal que acumulamos durante a vida, damos respostas as nossas indagações. Existe algum problema nisso? Depende. Na maioria dos casos, sim. Aquilo que chamamos de olhar científico possibilita uma nova ferramenta para se avaliar todas as coisas que nos rodeiam, mesmo sabendo que todos nós, sem exceção, estamos carregados de senso comum. Essa ferramenta tem uma base puramente racional, e, como tal, procura se distanciar ao máximo de todas as possíveis idéias preconcebidas de quem está trabalhando com ela. É um trabalho moroso, mas recompesador, uma vez que possibilita, dentre outras coisas, derrubar dogmas e preconceitos nocivos.

Quando os portugueses chegaram ao Brasil em 1500, não entendiam quam eram aqueles serem nus, sem maldade no olhar, nem as árvores, os frutos, os animais. Assim, nas primeiras cartas, os navegantes tentavam explicar toda a riqueza da “Terra de Santa Cruz”: O que era uma manga, jabuticaba ou babaçu? Como descrever algo que além-mar ninguém nunca viu. Tentaram resolver esse problema comparando com aquilo que já haviam visto, seja com animais, com plantas. Neste mesmo caso, animais fantásticos, como o unicórnio, pode ter sido apenas um erro e ignorância: Alguns creem que pode ter sido apenas um cervo com alguma alteração genética. E como “quem conta um conto, aumenta um ponto”, todas as características místicas podem ter surgido através de boatos.

Tudo isso está respaldado naquele tal cabedal, o qual chamados de senso comum. As bases do senso comum seriam:

Imediatismo: o senso comum se caracteriza muitas vezes por ser simplista, ou seja, muitas vezes não e fruto de uma reflexão mais cuidadosa. Não se preocupa em definir nada muito bem, não tem, portanto, preocupação com a terminologia (ou seja, o significado das palavras) que emprega.

Superficialidade: a superficialidade dessa forma de conhecimento está relacionada com o fato de que ele se conforma com a aparência, “com aquilo que se pode comprovar simplesmente estando junto das coisas: ‘porque vi’, ‘porque senti’, ‘porque disseram’, ‘porque todo mundo diz’.” (ANDER-EGG apud MARCONI e LAKATOS, 2003, p. 77)

Acriticidade: outra característica é o fato do senso comum ser, muitas vezes, uma forma de conhecimento que não aprofunda sobre que se vê, não avaliando, criticando ou questionando o que é dito.

Sentimentalismo: muitas vezes nossa visão da realidade é excessivamente marcada pelas nossas emoções normalmente tiram a objetividade da pessoa, pois são pessoais e não estão baseadas na razão. Elas podem fazer com que ajamos de forma irracional.

Preconceito: o senso comum é muitas vezes repleto de preconceitos. O preconceito é atitude de achar que já sabe, sem conhecer algo de verdade, pois usa explicações prontas que estão repletas de juízos de valor. Portanto, a atitude preconceituosa com relação à realidade e a tudo o que a cerca é aquela da pessoa que julga sem conhecer, com base no que acredita que é ou no que deva ser.